quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

26de janeiro de 2011

Hoje é o vigésimo sexto dia do mês de janeiro. Amanheceu como todos os dias, à noite se desfazendo, o sol escondido entre as nuvens e a claridade invadindo meu quarto.
Olho pela janela, sei que vou ter mais um dia em minha vida que somados a todos que já vivi será um dia a mais no meu relicário de lembranças. Tenho na memória momentos inesquecíveis que hoje desfilam em câmera lenta como um filme de baixa rotação. Vejo-me criança, adolescente, mulher, mãe. Paraliso na memória alguns destes momentos para torná-los mais longos e sentir novamente a alegria que ficou la atraz no meu viver. Estou na janela olhando para o céu. Quando era criança meus pais o descrevia como o lugar onde um dia todos nos iríamos morar.
O sol aparece, brilha como um diamante. Uma brisa movimenta a copa das arvores e espalha folhas e pétalas das flores pelo chão. O cheiro do cloro da piscina se mistura com o cheiro de limpeza. Os sons de vozes, dos carros, e da maquina do elevador se transformam em orquestra desafinada. Não sei o que fazer com o dia de hoje.
Vou vivê-lo e ele estará na minha memória. Mais um dia.
lia quintao

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PARTE DE MIM

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

desconhecido

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

quem sou

Procuro por mim e me encontro dividida
Pedaços de muitos me completam
Não sei onde começa o que sou
E não sei onde termina o meu fim
Vou sendo muitas
Não sendo eu
Sendo varias
Não sei se sempre fui assim
Ou se fui me transformando
E modificando o meu começo.
Desconhecendo quem é
Meu passado não tem nada a ver com meu presente
Meu presente não tem futuro
Vivo vidas emprestadas dos muitos que eu abrigo
Estou aqui e ali na confusão de todos
No meio de sorrisos e de olhos tristes
Com passos apresados e vento no rosto
Com cheiro de gente misturado com sabor de flores
Com escuro de túneis e calor de sol
Com saudades, com alegria, com lagrimas.
Como qualquer pessoa que vive aqui

sábado, 1 de janeiro de 2011

movimento

Abro a porta olho a vida que fervilha irradiando sons e cores
pessoas anônimas caminham com balanços desencontrados
umas sorrindo, gesticulando no compasso de suas vozes
ou silenciosas nos seus pensamentos guardados e esquecidos

Seguem na procura ,ou perdidas no desencontro
com hora marcada, ou alheia aos acontecimentos
com mais um dia de suas vidas acontecendo
e eu na janela a olhar para elas sem saber quem são.

28/07/2005